domingo, 29 de abril de 2012

CPMI: Novas escutas revelam existência de Estado paralelo, diz Rubens Bueno

Foto: Tuca Pinheiro

Bueno: A sociedade não aceita que relatoria seja controlada pelo governo
O deputado defende que a comissão parlamentar de inquérito crie sub-relatorias para apurar a rede de corrupção.

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), ao comentar as novas revelações de conversas telefônicas entre o  senador Demóstenes Torres (GO) e Carlinhos Cachoeira, disse que as escutas telefônicas, publicadas, neste sábado, nos principais jornais do país,  não deixam dúvidas de que há um esquema criminoso entranhado nos poderes da República. Para ele, as denúncias exigirão da CPMI um trabalho aprofundado para apurar todas ramificações da organização comandada pelo contraventor.
 
Bueno informou que vai reforçar, na próxima reunião da comissão seu pedido para sejam criadas  sub-relatorias com o objetivo de dividir as áreas de investigação da comissão. Ele acredita que sua  proposta deverá receber o apoio dos integrantes do colegiado.

“A CPI vai tratar de um esquema criminoso complexo, que, pelo visto, é um  Estado paralelo, com ramificações em todos os poderes, que atinge não só os jogos ilegais, mas também tráfico de influência, pagamento de propina, superfaturamento de obras federais, estaduais e municipais, além de lavagem de dinheiro e financiamento ilegal de campanhas. Concentrar tudo isso na mão de um único parlamentar é prenúncio de fracasso”, argumentou o parlamentar.

Inicialmente, o parlamentar sugere a criação de quatro sub-relatorias: de Movimentação Financeira, responsável por analisar as quebras de sigilo bancário e fiscal;  de Contratos, que fará uma devassa nos negócios entre as empresas ligadas ao esquema, com a Construtora Delta, e governos federal, estaduais e municipais;  de Jogos Ilegais e Loterias, para esmiuçar o funcionamento do esquema de contravenção e de loterias estaduais comando pelo grupo de Cachoeira; e a de Normas de Combate à Corrupção, que ficará responsável por elaborar sugestões da CPMI para o combate aos crimes de colarinho branco.

Mensalão

Rubens Bueno lembrou que a mesma estratégia foi adotada durante a CPI dos Correios, que iniciou apurando o pagamento de propina na empresa, mas que, ao longo dos trabalhos, revelou o esquema do mensalão, a extensa rede de pagamento de propina a parlamentares da base aliada de apoio ao governo do ex-presidente Lula.

 “A CPI dos Correios teve  resultado porque  teve o bom senso de adotar sub-relatorias. Por causa dela o escândalo do mensalão não passou para a história como ‘piada de salão’ e se transformou em processo do Supremo Tribunal Federal”, afirmou o líder do PPS.

Controle do governo

A divisão dos trabalhos de relatoria, reforçou o parlamentar, ainda pode evitar que todo o funcionamento da CPI fique nas mãos do governo. “Não é bom para a sociedade uma CPI controlada pelo governo, que obviamente tem seus interesses. Com as sub-relatorias, a sociedade ficará mais segura de que a rede de corrupção seria apurada com isenção”, ponderou Bueno. 

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